terça-feira, outubro 21, 2008

E tudo se repete... eternamente (4)

"Talvez meu sorriso seja minha verdade. Bom que agora sorrio para a vida, para os mortos, as coisas, animais, criaturas amorfas e seres intergalácticos cujas vibrações me são distantes e imaculadas..."

Solon Eduardo




Na era pré big-bang, um inusitado diálogo é travado em meio à cósmica eternidade:
- Sou um homem geográfico... esquento, cresço, subo pelas frestas da terra e sou atirado subitamente às altíssimas alturas celestiais...
- Eu não... sou um homem sapiens. Transito entre o feio e o belo, o claro e o escuro, o início e o fim. Vivo em um ciclo avassalador, que me desgasta, consome e corrói... para assim me fazer renascer. E renasço belo e iluminado, como sempre fui.
- Ah, homem normal... você não é de nada. Sinta minha grandiosidade! Você é anônimo. Ninguem o conhece, ninguem o vê, você passa e não fica... e se fica, já passou! Já eu sou conhecido no meio da terra, nas fenestras do solo, entre os vazios entreatomos do ar, até as grandezas estratosféricas...
- Não venha com esse papo de geografia! saiba que eu sou como quem te vê, quem te mede, quem te usa e quem te burla. Sei quase tudo sobre tua vida. E o que não sei, pode perfeitamente estimular instrumentos que venham a conhecer. E fim de mistério!
- Tsc tsc... ciências humanas... e ainda dizem que servem para alguma coisa! eu sou a natureza, eu sou a realidade nua, crua, per se! tudo que você faz, tudo que você cria, tudo que você gera, constrói, chora e destrói é na tentativa de me dominar! E por maiores que sejam as migalhas que você ganha, jamais terá noção de onde termina minha infinitude.
- É... Concordo com você nesse particular. Mas não quero te conhecer para que se torne desconhecido! Quero o poder-migalha nas mãos para não querer o poder do universo! Porque este já pertence a ti, homem geográfico, mas a tí não pertencemos! estenda tua infinitude a nós, e nós faremos de tudo pra nos integrar a ela. A ela e a tí. Você pode ter o infinito, mas não tem a mim.

E nesse momento, o homem geográfico e o homem normal se fundem. E subitamente ocorre uma grande explosão...

terça-feira, outubro 14, 2008

E tudo se repete... eternamente (3)

"E vou ficando leve e me rarefazendo à medida que pingo meus carbonos agora no gélido clima das alturas atmosféricas, pingando e caindo em incalculável área, em solo, rio , mar, gente e tudo. Sou distribuído ao acaso pingando e chovendo em cima de tudo, até que por pequenas frestas geológicas e caprichos do terreno escorro até o centro, meio, miolo, âmago da terra, sucumbindo novamente ao calor lá de dentro...E tudo se repete...Eternamente."

Solon Eduardo




Nada é por acaso. Acaso vem de a-caso, ou seja, sem causa. Assim, nada que ocorre, nada que aconteça no universo prescinde de causa. Tudo tem sua fonte, sua origem.
E sendo assim, uma causa provocando um efeito, um conjunto gerando outro, um sistema de conjuntos gerando uma causa, que se juntam a outros conjuntos... temos complexidade de consequencias dessas causas em nossos universos, rudimentarmente estudado por nossas ciencias compartimentalizadas.
Essa é a união essencial. Para promovermos o que quer que seja, precisamos unir forças. Precisamos unir habilidades. Precisamos unir causas para gerar determinados efeitos. É assim que se faz uma frase, uma palavra, um pensamento, um livro, um mundo, uma vida, um planeta, um grão de areia. Da união. União para construir. União para transformar.
Os respingos dessa realidade sutil e universal podem ser vistos em várias situações do dia-a-dia. Quais as empresas mais lucrativas? as que unem seus ideais com os seus funcionarios e o fazem sentir-se unidos ao conjunto. Quais os paises mais desenvolvidos? os que, durante sua história (deixando-se de lado fatores morais e politicos), as ideias de seu povo de maneira construtiva. Quem constroi um prédio mais rápido? os que tem menos funcionarios extenuados por uma longa carga de trabalho, ou os que se juntam estimulados pelo ideal aglutinador dos seus chefes? quem pensa mais, duas cabeças ou uma?
Isso é só o senso comum. Mas também é uma amostra de como muitas vezes ele é sábio ao espelhar uma realidade sutil e eterna, difundida entre todos nós. Não unir-se para o que quer que seja, estejam as partes dentro ou fora de nós, é remar contra a maré do universo. E, do alto do meu insignificante pedestal, posso garantir que não dá certo.

sexta-feira, outubro 03, 2008

E tudo se repete... eternamente (2)

"Ao final de laboriosa reflexão
eis que surge beleza
e o desespero lá de dentro
sucumbe a mim...
criador!!"

Solon Eduardo




Palavra. Pensamento. Sentimento. Experiência. Experiencia. Sentimento. Pensamento. Palavra.
Alma, mente, corpo, mundo... mundo-corpo-alma-mente...

...

Pois é... somos estimulados. Enfim, uma centelha no caos da polvora. Primavera.
Derretemos, queimamos, brilhamos. In-externamente. Um turbilhão de sentimentos povoa nossa alma.
Sabemos que o objetivo é escrever. Ou falar. Até ouvir... Ou fazer musica. Criar. Arte. Expressão. Criação. Vida.
Uma parte do turbilhão chega ao inconsciente. Sim, o inconsciente, valorosa ponte da mente com a alma, do nosso eu atento aos abismos de flores e lama. O inconsciente o processa, mascara, expande, amassa, mistura, compara. Pondera. O inconsciente filtra. Faz sua parte. Faz sua parte, e abre sua porta. Finalmente o turbilhão chega à mente. Consciente. Todo não. Uma parte.
Concentre-mo-nos!! afinal, nesse momento tomamos ciência de uma parte do que nos ia na alma. Uma pequena parte, bem verdade. Tudo bem. É isso que queremos. É isso que podemos. Podemos agora manipula-la à vontade.
E a pequena parte do meu turbilhão finalmente sai de mim. Vai falar? vai escrever? pulará, gritará, ou sairá correndo? manifestar-se-á por doidas danças, intrincadas coreografias? sairá em avanço sobre um delicado instrumento, visando valorosa composição? rasgará a carne virgem da folha branca, ansiosa por um risco, uma letra, uma frase? e então?
Assim, uma pequena parte da minha experiencia, do meu turbilhão, da minha alma, após enveredar-se pelo inconciente, por mim mesmo consciente e por meus sentidos, encontra um lugar no mundo. E ainda assim, apenas uma parte, uma pequena parte, chega aos sentidos alheios. Onde farão todo o caminho de volta.

quinta-feira, outubro 02, 2008

E tudo se repete... eternamente (1)

Como diria meu amigo Thiago Fonseca, certas vezes é preferível que nos exprimamos como "tempestade cerebral".
Tal termo, aparentemente pertencente ao time das frases-feitas, significa a expressão do que sentimos ou pensamos sem que paremos para planejar como tal expressão se dará.
Explicando de outra forma: não se preocupe em pensar no que nem como escrever ou compor. Simplesmente o faça!

...

Temos, portanto, uma faca de dois gumes: "tempestade cerebral" dá ao mundo uma criação que de outro modo não ocorreria. A qualidade (o que quer que isso signifique) pode ser discutivel. Não importa. Não deveria importar.
Para aqueles que "pensam bastante antes de fazer", o lugar no ceu também tá garantido: recebemos de brinde maravilhosas e elaboradas criações, dificilmente esculpidas via brainstorm

...

Estive lendo um livro chamado Sem Anestesia, do médico carioca Alex Botsaris. Essa magnífica obra versa, dentre outros assuntos, sobre questões paradigmaticas, filosoficas, institucionais, econômicas e sociais que permeiam a medicina. Mas o que me chamou atenção foi a divisão da classe médica em arquetipos. Pretendo dividir os pacientes em arquetipos. Vamos ver no que dá.