domingo, janeiro 20, 2013

O sexo privilegiado

Na edição do dia 1 de outubro de 2003, o escritor israelense Martin Van Creveld falou à revista Veja, na entrevista "O sexo oprimido", sobre o livro "O sexo Privilegiado". Ele defende, com base em dados históricos e estatísticos, que o verdadeiro sexo frágil é o MASCULINO. Eis algumas de suas afirmações:

1 - "Como todo mundo, eu achava que os homens realmente oprimiam as mulheres e queria descobrir como era possível que essa situação pudesse persistir por milênios. Só depois descobri que as evidências não davam suporte à minha tese e que, na verdade, são as mulheres o verdadeiro sexo privilegiado"
2 - "Os homens não podem existir sem as mulheres. Já as mulheres, enquanto houver um único doador de sêmem, podem existir sem os homens"
3 - "É inegável que os homens são tratados com mais rigidez na educação infantil e perante a justiça, além de estarem sempre prontos para morrer pelas mulheres em tempos de guerra... ou paz"
4 - "Ao contrário das mulheres, em raríssimos casos apenas os homens podem optar se vai trabalhar ou não. Mesmo nos dias de hoje, as tarefas mais pesadas e sujas são masculinas"
5 - "Não há população onde os homens vivam mais que as mulheres"
6 - "Mulheres não são dispostas a sustentar o companheiro. Nos EUA, 10% das mulheres ganham mais que o marido, e nesses casos o índice de divórcio é altíssimo"
7 - "Quando garotos choram, são desprezados. Quando garotas choram, são consoladas"
8 - "A vida dos homens sempre foi mais difícil. Tinham que produzir e dar, e as mulheres reproduzir e receber".
9 - "Em tempos de guerra, as maiores vítimas não são as mulheres e crianças. São os homens, que morrem em muito maior numero"
10 - "No grupo de pessoas de QI >180, a proporção é de uma mulher para 7 homens".
11 - "Homens são descriminados em todos os benefícios sociais. Devem trabalhar mais pra se aposentar, sistema publico e provado de saúde são mais benevolentes na cobertura de doenças femininas".
12 - "Não há nada que prove que os homens tenham menor capacidade de amar que as mulheres. Contudo, é quase impossível para um pai divorciado conseguir a guarda em igualdade de condições".
13 - "As feministas dizem que todo homem é um estuprador em potencial. Mulheres, por passarem mais tempo com os filhos, matam mais crianças. Alguém diz que toda mulher é uma infanticida em potencial?"
14 - "Pesquisas mostram que nos EUA o numero de agressões entre homens e mulheres é igual, na faixa de 25% pra cada.50% dos casos a agressão é mutua"
15 - "Mulheres recebem menos condenações que os homens por um mesmo crime, e penas menores".
16 - "O homem é o jumento da casa, como diz o provérbio (...) Há movimentos para defender os homens em caso de franca discriminação, como nos divórcios, nas falas acusações de abuso físico e sexual ou de violência doméstica"

O exposto não é necessariamente minha opinião, até mesmo porque não li o livro. Mas sempre é válido olhar o outro lado da moeda...

Quem é você?


Muito se fala sobre psicopatia. Muito se fala sobre Dexter. O primeiro é um termo utilizado há séculos para designar assassinos seriais e pessoas "sem coração" em geral. O segundo é um seriado americano surgido em 2006 que retrata a história de um homem (Dexter Morgan) e nascido "sem coração" que vai "se humanizando" com os anos. "A humanização" teria como ponto de partida um "código" de conduta ensinado por seu pai, durante sua infância, adolescência e início da vida adulta.
O termo "psicopatia", "psicopata", psicose", "psicótico" são praticamente intercambiáveis no senso comum, no uso popular, no imaginário geral. Mas na realidade científica são diferentes. E este pode ser um dos casos onde o fato de se pensar diferente o senso comum e o senso restrito pode trazer consequências danosas para as pessoas leigas.
Psicopatia é uma doença médica-psiquiátrica catalogada no CID-10 (Classificação internacional de doenças da Organização Mundial de Saúde). Psicopatia não é psicose. Portanto, nada tem a ver com loucura ou insanidade. O psicopata sabe perfeitamente o que está fazendo ou deixando de fazer.
O termo técnico adequado é Transtorno de personalidade Antissocial. É uma doença da personalidade, onde o jeito de ser da pessoa, a personalidade dela, envolve um conjunto constante, estável no tempo e difícil de mudar de características ligadas a insensibilidade e desrespeito aos direitos alheios, falta de capacidade de se colocar no lugar do outro, baixo limiar de frustração, tendência a mentir repetidamente e não aprender com as experiências negativas, crueldade e por ai vai... Psicopatia é sinônimo de sociopatia, personalidade dissocial ou amoral. Também são termos técnicos do CID-10.
Epa... amoral? Seria a falta de moralidade no comportamento uma doença?
Sim, de acordo com o CID-10.
Ora, o que é o comportamento moral? Segundo o dicionário Aurélio, moral "é conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada". Nossa moral ocidental, influenciada pela moral cristã, está relacionada às virtudes morais, como bondade, caridade, pureza de coração, humildade, paciência, perdão, e tudo o mais.
Mas adivinha só... quais os critérios diagnósticos da psicopatia? Vejamos:

A. Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
(1) fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção
(2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ouludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer
(3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro
(4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas
(5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia
(6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras
(7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início antes dos 15 anos de idade.
D. A ocorrência do comportamento anti-social não se dá exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.


Fracasso em ater-se às normais sociais, propensão para enganar, comportamentos ilegais, agressividade, impulsividade, irresponsabilidade, ausência de remorso. Tudo isso de modo constante, contínuo e estável, predominando na maioria das situações ao longo da vida de um indivíduo. O que isso tem a ver com comportamento moral? nada. O psicopata é o amoral. E se bondade está associada à moral, a maldade está associada à amoralidade. Logo, o psicopata é o mal. O mal sistemático. O mal (em tese) incorrigível. O sacana, o calhorda, o que "não vale nada". A prevalência de psicopatas entre os criminosos é 15 vezes a da população em geral.
Contudo, vimos acima que, de 7 critérios, há apenas a necessidade de 3 para o diagnóstico de psicopatia. Portanto, pode haver psicopatas que sintam remorso de vez em quando, ou que mintam menos, ou que se irritem menos, e por ai  vai. É ai que pode entrar Dexter.
Dexter é um cara comum. Americano médio, trabalhador, sossegado, come ovos com bacon pela manhã, paga seus impostos e tudo o mais.
Mas este cara gosta de matar, de tirar vidas. Este cara PRECISA matar. É o seu "passageiro sombrio".
Um homem que tem no ato de matar uma NECESSIDADE profunda e inexplicável (como a de comer, reproduzir ou fazer sexo) tem a nível de necessidade básica uma necessidade que, na maioria das pessoas, só se incutiria em situações de grave ameaça à própria sobrevivência.
Como Dexter pode, portanto, amar a irmã a namorada, o filho e sentir repulsa por outros psicopatas que, ao contrário dele, não têm um código?
Pelo simples fato de que nem todo psicopata apresenta todas as características que podem ter em um psicopata. Nem todos terrão os 7 critérios. E Dexter, em muitos casos, sente remorso, não é tão impulsivo com outras situações da vida e canaliza sua agressividade e irritabilidade. Ao contrário dos outros, ele tem como foco principal "não ser pego", e por isso sistematiza sua impulsividade ao matar apenas "os que merecem" em condições de (quase) plena segurança. É um psicopata "domesticado". E para mim, perfeitamente plausível.
Pode ser que Dexter seja um "psicopata abortado", pois alguém pode dizer que ele não preenche todos os critérios, ou quase nenhum. Do mesmo modo que alguns precisam fumar, alguns precisam sair todas as noites, alguns precisam dar socos em sacos de areia, Dexter precisa matar. E se for apenas isso e mais nada? matar por matar e mais nada faz de alguém um ser amoral? e se Dexter fosse sinceramente caridoso e piedoso, será que conseguiria suprimir esta vontade de matar?
Precisamos nos acostumar que pessoas boas fazem coisas ruins. Pessoas ruins dificilmente ou muito pouco frequentemente fazem coisas boas. Ambas matam. Dexter pode ser uma ou outra, que têm em comum a vontade de matar. Por prazer. E mais nada.
Quem é Dexter? O que é Dexter?
Quem é você?