quarta-feira, novembro 10, 2010

Filosofia espírita (8)

DOUTRINA - SOBRE O CAPÍTULO X - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITÍSMO
Bem-aventurados os que são misericordiosos
Perdoai, para que Deus vos perdoe
1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)


2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)


3. Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. - Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?" - Respondeu-lhe Jesus: "Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)

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Caridade. Amor. É o servir desinteressado. O servir pelo servir, como modo de crescimento pessoal. Amor é trabalho, e trabalho é serviço.
Uma das manifestações da caridade é o perdão. Misericórdia. Clemência. Complacencia (o que assim, como diz o evangelho, remeda ao pacifismo e à brandura - o amor é único). Mas como ter forças para perdoar? como deixar de lado o rancor, a raiva e o orgulho, para estender a mão àquele(s) que, direta ou indiretamente, nos ofendem ou nos ofenderem?
Temos, portanto, um retorno à eterna dualidade dos imperfeitos: perdão na teoria e na prática. Conceito e técnica de perdão. Porque e como fazer. Resignação e aceitação.
Perdoar significa esquecer sinceramente da falta. Como se faz isso, se não cabe na nossa mente ser amigo daquele que mais nos prejudicou? Como colocar em nossa casa o ladrão de outrora? Como festejar com o traidor, olhando-o nos olhos?
O problema é que, ao conceituarmos o perdão, nos iludimos pensando que devemos ser exatamente magnânimos como lemos nos livros. É claro que é humanamente improvável para um espírito encarnado na Terra, no entrevés da luta entre seus defeitos e qualidades, que aja de modo emblematicamente nobre. O que fazer?
O que se exige, ao meu ver, não é o esquecimento sincero apenas e tão somente. Sabemos muito bem que isso é impossivel de pronto, mas muitas vezes tomamos isso como meta sene-qua-non para uma contínua evolução espíritual, e nos sentimos frustrados e culpados quando não à alcançamos.
Evoluir espiritualmente e seguir o evangelho pode se tornar assim tão angustiante como tentar ao longo da vida ter uma carreira de sucesso, impusionados como somos pela cultura do acumular, a despeito do trocar-integrar-compartilhar.
Servir ao perdão significa lutar continuamente, paulatinamente, contra o rancor, a raiva, a vingança e todos os seus derivados. É um processo contínuo, não um preto-no-branco. Dimensional, não dual. Perdoar é se comportar como quem tenta perdoar (ai sim de modo sincero), mesmo que não consigamos dizer de pronto: "vai, está perdoado". Caso contrário, leremos o evangelho com a incômoda impressão de que é mesmo lindo o que está escrito, mas que nunca conseguiremos perdoar a ninguem, nem a nós mesmos.

domingo, novembro 07, 2010

Saúde dimensional

De volta à questão das dimensões. São bonitos os momentos em que lampejamos, constatamos ou opinamos sobre diversos assuntos com o ar de tecnicidade. Emitimos e dissertamos opiniões sobre assuntos diversos que sabemos, no fundo, necessitarem de maior fundamentação técnica e teórica.
Costumo me aborrecer quando alguem emite opiniões sobre algo que não está preparada para isso. Mas o aborrecimento cresce na meedida em que isso orienta condutas que possam gerar prejuizo para si e para os outros. O problema não é o ato de opinar em si (muito pelo contrário: devemos ousar sempre). Contudo é difícil se localizar no contínuum que existe entre os polos opirar-por-opinar e opinar-internalizar-agir-influenciar.

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Tal contexto comportamental se torna claro no âmbito global da saúde. A autopreservação enquanto pessoa e espécie é uma das forças mais poderosas da natureza. Manifestações dessa força podem ser encontradas no senso comum sobre atos de sáude, muitas vezes deletérios. Daí encontramos pessoas tomando remédios sem indicação precisa, com doenças e sintomas diversos sem buscar tratamento, fazendo uso indevido do sistema de sáude e - pior - influenciando outras pessoas e grupos a fazerem o mesmo. O mau senso comum é um ato contínuo e continuado de poder corrosivo, que sustenta a validade de uma cultura pseudocientífica que, deus sabe em que proporção, contribui para o grave problema da doença pública.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Discutamos então!

“Mas, se estais sem correção...,
logo, sois bastardos e não filhos”


(Hb 12.8)




Psicopatia. Sociopatia. Personalidade antissocial. Com o advento e o crescimento da importância da discussão sobre violência em nossa sociedade (discussão - a presença manifestada do tema em si dispensa comentários), e a não surpreendente frissom do tema Bullying na mídia, tais termos vão sendo progressivamente incrementados no senso comum.
Dai surgem opiniões que flutuam no meio leigo, e elvam a mudanças de comportamento ora benéficas, outras nem tanto.
Discutindo sobre o tema com amigos, levantou-se a questão do quão incorrigíveis os sociopatas seriam - já que personalidade doentia não se muda da noite pro dia. Diria que, por mais difícil que seja mudar a essência de uma pessoa, sua melhora consiste, ao meu ver, no sentido da vida.
Discutir o que fazer com os sociopatas, os "incorrigíveis", os "maus", e os "Calhordas" envolve dimensões humanas tão profundas que só o discutir não será suficiente. Será necessário caminhar para uma mudança de paradigma humano - de valores individuais e coletivos.
Discutamos então!