quarta-feira, setembro 05, 2007

Ética espírita

A palavra ética deriva do grego “ethos”, que significa “costume”. Está intimamente ligado ao conceito de moral, que deriva do grego “moralis”, que significa “relativo aos costumes”. A moral surgiu como ferramenta para organizar as relações entre os indivíduos componentes de uma coletividade, viabilizando assim a ação coletiva.
A moral consiste no conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de homens. Assim, o homem moral é o que age bem ou o que age mal na medida que ataca ou transgride as regras estabelecidas.
Assim, embora tal embate, aparentemente dicotômico, seja de simples solução, torna-se complexo na medida em que mudamos o ponto de referência do que é “certo” ou “errado”, “bom” ou “mal”. O ponto de referência pode variar segundo a cultura estudada, o povo estudado, a época da história, e em âmbito microcósmico, mais individual, segundo a pessoa estudada, sua história de vida, valores familiares, etc...
Existe, portanto, uma hierarquia de valores? Existe algo como uma “escala” que indique que fatos, atitudes ou idéias são “mais certos” ou “mais errados” do que outros? Sim, existe.
As hierarquias de valores variam infinitamente segundo a corrente filosófica, a cultura, a pessoa individualmente e segundo muitas outras variáveis. O que nos interessa aqui é a moral cristã.
A moral cristã está contida no Evangelho, é bem analisada no Evangelho Segundo o Espiritismo. Nele encontramos respostas para todos os dilemas éticos e morais que possam nos ocorrer.
O evangelho trata de variadíssimas questões envolvendo a ética do ser humano. Trata de situações cotidianas onde temos que decidir sobre o bom e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado, na maioria das vezes em situações onde a fronteira entre os dois lados é muito tênue.
Existe, contudo, uma regra geral: “amai o próximo como a ti mesmo”, de onde deriva “faça ao próximo apenas o que gostaria que fizeste a ti”, de onde deriva por sua vez “faça o bem sem olhar a quem”. É necessária meditação diária sobre estas questões, para que estimulemos a nós mesmos a fazer o que é certo e a não fazer o que é errado.
É certo que todo ser humano, independente de seu estado evolutivo ou posição social, etária, econômica ou profissional, deseja receber o bem e a caridade, em qualquer instância ou momento de sua vida. Este é o script básico do ser humano, seu DNA espiritual: receber o bem, estar em contato com o bem e... fazer o bem.
Ora, para que um ser humano receba o bem, este bem naturalmente deve ser dado por outro ser humano. Logo, pela moral cristã, deduz-se que apenas a caridade (aqui citada no sentido de dar ao próximo o que gostaríamos genuinamente de receber) é responsável pela transmissão do bem e do amor, do que é certo, justo, progressista, construtor...
Ser caridoso não é ter piedade de alguém, dar dinheiro a quem precisa, contribuir regularmente com uma instituição, ou outras coisas do gênero às quais costumamos atribuir a palavra “caridade”. É muito mais do que isso. É nos analisarmos a cada dia para que nos tornemos cada vez mais eficientes em “amar o próximo como a si mesmo”.