domingo, maio 04, 2008

Carta à Bahia (1)

"No mundo onde arte é o cotidiano
E o sorriso esconde a miséria com louvor
Sigo a vida alheio aos teus valores
Pois lá no coração do baiano é que mora a minha dor"


Mateus Lopes



Ah! baia, bahia, BAHIA!! onde estás que não respondes? tira esta pedra do teu caminho! alegria, alegria é o estado (de dúvida e dívida!) amor pela terra, em se tirando, pode levar!
Terra onde nasceste! Criado fôra, fora de dúvida, no coração e no berço do país mais heterogêneo do mundo. Literalmente tudo é possível. Tudo é viável. Tudo é visível! Escandalosas contradições convivem harmonicamente como gêmeos em seu berço. Vamo levano meu rei! Tem festa no fim de semana! tem ensaio do ara! Rá.
No berço do meu páis. No berço do meu novo-velho mundo, moram a tristeza e a alegria, o orgulho e o escândalo, a riqueza e a miséria, o amor e o ódio, a magia e a ciência, a praia e o frio, o interior e a capital. Transbordam magia e talento, tais como papel ao vento, gotas ao mar. Para onde vão? o que me traz? porque teu quadro negro é tão lindo aos olhos outros? porque meus olhos não te enxergam, Bahia, e sentem tanto a falta da tua ignóbil beleza? Preciso de um salvador, para entender porque o poeta estende a mão, para um sincretismo sem saida (com vista para o mar e para o mundo) onde o mundo vem buscar. Preciso de você. Tenho saudade de você. Saudades do que não ví. Saudades do que quero ver, do que quero ter, do baiano que quero ser! Nasceste rica, pobre, feliz, e linda, onde o lixo e a descarga, o papel e o banheiro paradisíaco, o paraíso e o terror nos remetem ás estátuas e museus da chancela da história!
Magia da contradição, da complexa perplexidade, da análise e da síntese, quero te abraçar! Por isso tú nos fascina... e nos faz fugir de ti.
Não te amo nem odeio. Mas te quero!


Até algum dia!