sábado, julho 11, 2015

05/07/1995

Há exatos 20 anos, estava sentado numa mesa perante a uma parede de espelhos. Escrevia febrilmente, já iniciado no vício das letras de forma. Estava prestes a concluir um projeto anônimo (e assim permanece até hoje) que tinha concebido alguns meses antes: escrever uma história num mundo fantasioso que abarcasse uma aventura de RPG (Role Playing Game).
Tratava-se de um mundo medieval onde guerreiros e feiticeiros, desta feita, deveriam seguir por florestas e montanhas sombrias, até penetrarem num antigo e gigantesco castelo no topo de uma delas.
Nesse castelo estavam situados diamantes mágicos, de cores diversas, que se unidos pela força do mal, lideradas pelo vampiro Barandrun, haveriam de destruir o mundo conhecido e criar automaticamente outro onde predominasse as trevas e a maldade (não, nunca tinha lido O senhor dos anéis).
A missão dos aventureiros (ou mocinhos) era encontrar os diamantes a tempo e matar o chefe-vampiro da conspiração. Para isso deveriam vencer inúmeros perigos escondidos em seu castelo-labirinto.
Anos depois, me peguei lendo os manuscritos, folheando-os delicadamente, sorvendo seu cheiro e seu sabor.
Por entre emoções saudosistas e lembranças visuais e sensoriais remotas, imaginei o quão fértil e livre de empecilhos deve ser uma mente capaz de criar histórias tão longas e realmente fantásticas. Pensei nisso ao lembrar que minha mente de adulto talvez hoje não seja capaz de vibrar e manipular com tanta energia dados completamente fantasiosos e, por assim dizer, fascinantes. Meu consolo é que muitos vencem essa barreira, alguns deles tornando-se famosos. Como não saber o que se quer?
E assim, guardei os papeis na gaveta.