quarta-feira, setembro 24, 2008

O que é que vocês estão olhando?

"Mas sempre serei como um garoto de dezesseis
Que sente estar no filme da sua vida
se acostuma com a dor, por achar que de qualquer forma terá...
um final feliz!"

Thiago Fonseca




A doença é muito maior. Ao depararmos com algum enfermo, seja um moribundo de cancer no hospital, seja um bebado na rua, seja um vizinho ciumento, ou um colega angustiado, geralmente não temos dimensão da extensão da doença. Nunca temos. Porque ela é muito, muito grande. Sempre maior e mais profunda.
Embora o brasileiro seja visto como alegre, festeiro e acolhedor, costumamos a reclamar da individualidade e da frieza da maioria dos nossos convivas. Não aparentam se preocupar com o humano ao seu lado, e sim com o papel social que o mesmo representa: o colega, o subordinado, o chefe, quem vende, quem compra, quem chega, quem liga, quem vai. Mas nunca a pessoa, nunca o em sí.
E se, por algum mecanismo escuso, alguma felicidade excepcional, conseguimos pular essa barreira, encontramos no próximo, normalmente, sólida fortaleza: não dispender energia com o humano ao lado implica que os mesmos não penetrem em nosso mundo para "bisbilhotar".
Pessoas "de bem", muitas vezes, são estereis para as pequenas luzes. Pouco espontâneas. Tudo ponderado, calculado, mesmo que ninguem pare pra fazer contas! Ora, ter a mentira soa mais confortavel que lutar pela verdade. Mais confortavel manter nossas pequenas e pálidas conquistas humanas que lutarmos por um mundo mais caloroso. E nada isso, embora bastante explorado pela literatuda de auto-ajuda, me parece tristeza.
Portanto, o auto-abandono inclui o hetero-abandono. Isso porque quem se ama, quem está confortável com isso e quem tem consciência do amor próprio, ama ao próximo. Porque antes de tudo ama a si mesmo. (É... acho que o J.C tinha razão).
Mantermos nossas conquistas, nossa energia humana, nosso calor, nossa humanidade represados por medo do individualismo competitivo humano é perda de tempo. Porque o que ganhamos em manter é infinitamente menor do que o que deixamos de ganhar em se abrir, mesmo que percamos ou esqueçamos algo no meio do caminho.
Dê bom dia ao seu vizinho. Ria à toa. Se interesse verdadeiramente pelas pessoas, mesmo que elas perguntem "o que é que você está olhando?". Você não precisa ser "inconveniente" pra isso. Elas estão acuadas. Prontas pra atacar. E doentes também.
Um dia descobriremos que sucesso no estudo, na profissão, na vida social e na conta bancária não consistem necessariamente em "vencer na vida". Vencer na vida é muito mais do que isso. E, por isso mesmo, mais fácil do que se possa imaginar. "A felicidade mora a seu lado, meu filho".
O que é que vocês estão olhando?

1 Comentários:

Blogger adri Araujo disse...

Oi Ti, realmente adoro ler o que vc escreve.Sou uma fã sua e vc sabe disso!
Olha td que está escrito retrata a realidade da humanidade. Tenho muitos amigos(as) que tem realmente esta problemática, de hetero-abandono, e auto-abandono. Tenho muitas vezes tentado argumentar, só q pra entrar na mente ou tentar mostrar que existe uma luz no fim do túnel, que nem tudo está perdido tem sido uma tarefa ardua. Pois a dç está arraigada, e pra fazer com o ser humano mude seu comportamento frente algumas situações tem sido dificil. ...Na verdade a humanidade está doente. O sistema hoje exige perfil do candidato, pessoa, esposa(o),filho(a),etc...o qual acaba colocando a raça humana em duelo constante...Hoje tem sido um ferindo o outro, e a medida que são feridas tornam pessoas frivolas.
Não sei exatamente o que acontecerá com cada cidadão porém é evidente que a medida que os anos passam, a raça humana vem se perdendo em seus valores...só tenho a dizer que é lamentável! Como vc sabe que sou cristã...ai fica a minha frase... Senhor tem misericórdia!!! Não nos abandone. Bjs.Dry.

1:15 PM  

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