terça-feira, julho 13, 2010

Filosofia espírita (6)

"Deus permite que grandes criminosos estejam entre vós, a fim de que vos sirvam de ensinamento"

Evangelho segundo o espiritismo - Cap. XI, Paragrafo 14 ("Caridade para com os criminosos").
TEMA: amor/caridade



O que é um criminoso? Pense bastante antes de continuar.

...

O criminoso é aquele que comete crimes previsto em lei. A lei dos homens, variável no trinômio espaço-tempo-cultura, existe com a finalidade de aproximar a conduta individual do bem estar coletivo, de outra forma punindo os transgressores. O criminoso, como o conhecemos, é o transgressor descontextualizado da lei dos homens.
Logo, latu sensu, o criminoso é um transgressor de leis. Um pertubador da ordem. Um agressor. Um ser des-ajustado (segundo a ordem do panorama em que está inserido).
Contudo, esquecemos que acima da lei dos homens (temporal e passageira), está a lei de Deus - eterna e infalível.
Falo da ação e reação. Causa e consequência. Erro e culpa. Agressão e doença. Nossos preceitos morais, inatos e adquiridos, consistem numa eterna tentativa de buscar um pleno equilíbrio moral em nossas ações individuais e coletivas, para que assim, soframos menos e contribuamos para o progresso intelectual e moral da humanidade. As leis temporais, no seu desenvolvimento ao longo da história, guardam em sua essência a tentativa implícita de se direcionar às leis divinas.
Assim, há crimes contra as leis dos homens (cujos autores são os criminosos aqui tratados) e crimes contra as leis de Deus (que são "os pecados que cometeis sem cessar").
Ora, não haveria sentido supor que, em essência, existam "dois tipos de crime". Os crimes contra as leis dos homens são também crimes contra as leis de Deus, mas a recíproca nem sempre é verdadeira. Ainda assim, nesse sentido, somos todos criminosos.
Assim sendo, a "caridade para com os criminosos" se faz necessária porque somos em qualidade tão criminosos quanto os criminosos terrenos. E se pedimos e merecemos indulgência e benevolência do próximo, nada mais justo que, na medida das nossas possibilidades (mas necessariamente com boa vontade), o façamos pelos que erram, seja quem for, o que quer que tenha feito.
Indulgência e benevolência não significa indevida tolerância nem impunidade(que se fará a seu justo tempo, em justa intensidade). Mas ao dizer "É um miserável; deve-se expurgar da sua presença a Terra; muito branda é, para um ser de tal espécie, a morte que lhe infligem", contribuimos "de fora" para o atraso daquele que é punido (pelos homens e pela vida (Deus)), gerando "minicarmas" desnecessários, perdendo tempo terrestre e atrasando a evolução espiritual ao não destinarmos nossas energias para assuntos e atitudes espiritualmente mais edificantes.
No capítulo estudado, Elisabeth de França (Havre, 1862) diz que "os tempos estão próximos, digo-o ainda, em que a fraternidade reinará nesse globo". Sim, porque a aproximação das leis, das condutas e dos pensamentos do homem em um progressivo caminhar para a melhora moral, individual e coletiva, está tornando a Terra um habitat cada vez menos propício aos criminosos de toda espécie. Principalmente os ditos "psicopatas, amorais e impiedosos". A impressão que temos que de que os crimes mais ou menos bárbaros estão cada vez mais prevalentes vem do fato de a maior parte dos encarnados estar cada vez mais intolerante e vigilante a problemas desse tipo. Quem mais procura, mais acha. Quem mais observa e teme, mais detecta e vê. Demais crimes são indiretamente tolerados, motivo de nossa imperfeição e habitação em um mundo onde o mal ainda predomina sobre o bem. E isso tudo ressalta ainda mais a necessidade de nos doutrinarmos para que tenhamos armas para lidar de forma justa com os que erram - perante aos homens e/ou perante a Deus.
Devemos ter em mente que os criminosos e psicopatas, tão alardeados nos meios de comunicação, devem ser tratados com toda a justiça possível. e isso inclui evitarmos ao máximo enviar-lhes energias negativas de qualquer espécie. Ao contrario, devemos ajuda-los, mesmo que só possamos, com sinceridade e boa vontade, pedir a Deus e seus enviados por eles.
Conviver com todo o espectro de crimes existentes na Terra é uma grande oportunidade de discernir o certo do errado, de exercitarmos nossas opiniões, de não julgar tão categoricamente, de ajudar (na medida das nossas forças) àqueles que erram (não importando a dimensão do erro).
Cada linha desse texto poderia originar um livro. Por isso acho que quem o ler, deve tentar manter dentro de si, a cada momento, um forte espírito crítico e reflexivo. Deve tentar mergulhar no significado mais profundo de cada frase. Mente aberta. Manter constante atenção aos valores evangélicos.
Um texto falando de crime imediatamente nos desperta sentimentos relacionados a justiça imediata e firme, associado aos nossos mais arraigados valores morais, o que por vezes podem levar a julgamentos precipitados e atitudes preconceituosas.

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